Óleo de Canola: riscos para a saúde do cérebro

A canola foi desenvolvida por melhoramento genético convencional a partir da colza no início da década de 1970, na Universidade de Manitoba, no Canadá.

O óleo de canola é um dos óleos vegetais mais consumidos no mundo, e vários de seus efeitos sobre a saúde têm sido documentados, incluindo benefícios metabólicos e a queima de gordura localizada.

Contudo, ele não parece fazer tão bem ao cérebro

Um estudo inédito associou o consumo do óleo de canola com uma piora da memória e da capacidade de aprendizagem e o ganho de peso em camundongos geneticamente modificados para funcionar como modelo da doença de Alzheimer.

O estudo é o primeiro a sugerir que o óleo de canola é mais prejudicial do que saudável para o cérebro – isto significa que novos experimentos precisarão ser feitos para confirmar os resultados, que acabam de ser publicados na revista Nature Scientific Reports.

“O óleo de canola é atraente porque é mais barato do que outros óleos vegetais, e é anunciado como sendo saudável. Muito poucos estudos, no entanto, examinaram essa afirmação, especialmente em termos do cérebro,” afirmam Domenico Praticò e Elisabetta Lauretti, da Universidade Temple (EUA).

Placas de proteínas

Devido à falta de estudos, e curiosos sobre como o óleo de canola afeta a função cerebral, os pesquisadores concentraram seu trabalho na deficiência de memória e na formação de placas amiloides e dos emaranhados neurofibrilares das proteínas tau. As placas de amiloide e o tau fosforilado contribuem para a disfunção e a degeneração neuronal e para a perda de memória no Alzheimer.

O modelo animal foi projetado para recapitular a doença de Alzheimer em seres humanos, progredindo de uma fase assintomática no início da vida para uma doença completa nos animais idosos. Os drs. Praticò e Lauretti já haviam usado o mesmo modelo para pesquisar os efeitos do azeite de oliva sobre o Alzheimer, constatando que os camundongos com uma dieta enriquecida com azeite extra virgem apresentam níveis reduzidos de placas de amiloide e tau fosforilado e melhorias na memória.

Mas os resultados foram diametralmente opostos no caso do óleo de canola.

Amiloides beta 1-40 e 1-42

O exame do tecido cerebral dos animais revelou que aqueles tratados com óleo de canola tinham níveis muito reduzidos de amiloide beta 1-40 – a amiloide beta 1-40 é a forma mais solúvel das proteínas beta-amiloides. Em geral, ela é considerada benéfica no cérebro, atuando como um amortecedor para a forma prejudicial mais insolúvel, a amiloide beta 1-42.

Devido à diminuição da amiloide beta 1-40, os animais apresentaram ainda maior formação de placas de amiloide no cérebro, com neurônios envoltos em amiloide beta 1-42. O dano foi acompanhado por uma diminuição significativa no número de contatos entre os neurônios, indicando extensas lesões das sinapses – as sinapses, as áreas onde os neurônios entram em contato uns com os outros, desempenham um papel central na formação e na recuperação da memória.

“A amiloide beta 1-40 neutraliza as ações do amiloide 1-42, o que significa que uma diminuição da 1-40, como a observada em nosso estudo, deixa a 1-42 sem controle,” explicou o Dr. Praticò. “Em nosso modelo, essa alteração na proporção resultou em danos neuronais consideráveis, na diminuição dos contatos neurais e no comprometimento da memória”.

Os pesquisadores adiantam que o próximo passo será realizar um estudo de menor duração para determinar a extensão mínima de exposição necessária ao óleo de canola para produzir as mudanças observadas.

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