Vitamina D na odontologia: essencial para a saúde bucal ou superestimada?

Será que aquela luz do sol que entra pela janela é suficiente para nos fornecer a vitamina D que nossos dentes e gengivas precisam? A resposta é mais complexa do que parece. A vitamina D, antes conhecida apenas por fortalecer os ossos, agora é vista como um “supernutriente” essencial também para a saúde bucal. Ela está associada a diversos benefícios, incluindo a manutenção de dentes e gengivas saudáveis, a prevenção de doenças periodontais e a melhoria na cicatrização após tratamentos odontológicos. Mas em quais situações ela realmente faz diferença no consultório do dentista?

E, o mais importante: todos nós precisamos suplementar essa vitamina?

As orientações sobre o uso da vitamina D não são tão claras e unânimes quanto gostaríamos, especialmente quando pensamos na saúde bucal. Com o avanço das pesquisas científicas, surgem novas dúvidas. Será que tomar um comprimido de vitamina D todos os dias é a solução para manter dentes e gengivas saudáveis? Ou talvez estejamos atribuindo a ela um poder maior do que realmente tem? Para esclarecer essas questões, as novas diretrizes da Sociedade de Endocrinologia trazem uma perspectiva mais cautelosa — e possivelmente surpreendente — que também interessa à odontologia.

As orientações da Sociedade de Endocrinologia

As diretrizes partem do princípio de que os adultos estejam consumindo as doses diárias recomendadas de vitamina D, conforme estabelecido pela Academia Nacional de Medicina dos Estados Unidos: 600 UI por dia para pessoas entre 50 e 70 anos, e 800 UI para quem tem mais de 80 anos.

Para adultos entre 18 e 74 anos sem pré-diabetes, as diretrizes sugerem que não é necessário dosar ou suplementar vitamina D rotineiramente. Estudos indicam que, para pessoas entre 50 e 74 anos, a suplementação tem pouco ou nenhum impacto em aspectos como fraturas, câncer, doenças cardiovasculares, formação de cálculos renais ou mortalidade.

No contexto odontológico, isso significa que, para a maioria das pessoas nessa faixa etária, suplementar vitamina D não traria benefícios significativos adicionais para a saúde bucal, desde que mantenham níveis adequados através da alimentação e da exposição ao sol. Porém, é importante lembrar que a vitamina D contribui para a saúde dos ossos da mandíbula e maxila, que sustentam os dentes. Portanto, se não alcançamos os níveis recomendados, considerar a suplementação pode ser uma medida preventiva para evitar problemas como osteoporose dos ossos faciais e perda dentária.

Vitamina D em pacientes com pré-diabetes e idosos

Para quem tem pré-diabetes — condição que afeta cerca de um terço dos adultos nos Estados Unidos — a suplementação de vitamina D é recomendada para reduzir o risco de evolução para diabetes tipo 2. Isso é relevante na odontologia porque o diabetes está ligado à saúde bucal. Pessoas com diabetes têm maior propensão a desenvolver doenças periodontais, infecções e inflamações na boca. Estudos mostram que a suplementação de vitamina D, aliada a hábitos saudáveis, reduz o risco de progressão para diabetes em cerca de 10% a 15%, especialmente em indivíduos com mais de 60 anos e níveis mais baixos de vitamina D.

As diretrizes também são específicas quanto à suplementação em idosos com 75 anos ou mais, faixa etária em que a deficiência de vitamina D é comum, atingindo até 20% dessa população. Para esses indivíduos, recomenda-se suplementar a vitamina D de forma preventiva, sem a necessidade de exames laboratoriais prévios.

Na odontologia, isso é especialmente importante. Idosos com níveis adequados de vitamina D têm melhor saúde óssea, o que pode contribuir para o sucesso de implantes dentários e na prevenção de doenças periodontais. Além disso, a vitamina D ajuda na resposta imunológica, auxiliando no combate a infecções bucais e promovendo melhor cicatrização após procedimentos odontológicos.

Embora alguns estudos associem baixos níveis de vitamina D em idosos a resultados negativos, como quedas, fraturas e infecções respiratórias, os benefícios da suplementação ainda apresentam resultados variados. Contudo, análises de diversos estudos revelaram que a suplementação pode reduzir a mortalidade e diminuir o risco de quedas com doses adequadas de vitamina D.

Curiosamente, doses muito altas podem ter o efeito contrário, aumentando esse risco. A combinação de vitamina D com cálcio também mostrou eficácia na redução de fraturas ósseas, sendo o cálcio essencial para manter a estrutura dos dentes e dos ossos faciais.

Qual é a dosagem adequada de vitamina D na odontologia?

A questão da dosagem é crucial. As diretrizes sugerem o uso de doses diárias mais baixas e contínuas, em vez de doses altas e esporádicas. Embora não especifiquem uma quantidade exata, nos estudos com idosos as doses variaram entre 400 e 3.333 UI por dia, com uma média de cerca de 900 UI diárias. Assim, uma dose entre 1.000 e 2.000 UI por dia parece ser uma escolha razoável para essa faixa etária e pode trazer benefícios para a saúde bucal.

Para pessoas com pré-diabetes, doses mais elevadas, como 3.500 UI diárias, podem ser mais indicadas. No entanto, é fundamental que a suplementação seja orientada por um profissional de saúde, considerando as necessidades individuais e possíveis interações com outros medicamentos ou condições.

Essas recomendações refletem a importância de equilibrar segurança e eficácia na suplementação de vitamina D, ajustando-a às características de cada grupo. Na odontologia, estar atento aos níveis de vitamina D dos pacientes pode ser um passo adicional para promover a saúde bucal completa, contribuindo para ossos mais fortes, melhor resposta imunológica e resultados positivos nos tratamentos dentários.

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Fontes: Vitamin D for the Prevention of Disease Guideline Resources, New Vitamin D Recs: Testing, Supplementing, Dosing

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