Suplementação extra de Ômega 3 não traz benefícios ao coração

Ômega 3 é um tipo de gordura, ou ácido graxo. Pequenas quantidades de ômega 3 são essenciais para uma boa saúde, e elas podem ser encontradas nos alimentos que comemos, incluindo peixes, castanhas e azeites.

E é bom se ater aos alimentos mesmo, porque, a exemplo do que vem sendo atestado por uma série de estudos com suplementos alimentares e vitamínicos, suplementos para reforçar sua ingestão de ômega 3 não parecem fazer nenhum bem adicional à saúde.

Os principais tipos de ácidos graxos ômega 3 são: ácido alfa-linolênico (AAL), ácido eicosapentaenóico (AEP) e ácido docosahexaenóico (ADH).

O AAL é normalmente encontrado em gorduras de alimentos vegetais, como nozes e sementes. O AEP e e o ADH, chamados coletivamente de ômega 3 de cadeia longa, são encontrados em peixes gordurosos, como salmão, e óleos de peixe, incluindo o óleo de fígado de bacalhau.

Ômega 3 dos alimentos e em suplementos

O aumento do consumo de gorduras ômega 3 é amplamente divulgado em todo o mundo por conta da proteção contra doenças cardíacas. Há mais de um mecanismo possível de como eles podem ajudar a prevenir doenças cardíacas, incluindo a redução da pressão arterial ou a redução do colesterol.

Mas os ácidos graxos ômega 3 também estão largamente disponíveis na forma de suplementos, tendo um mercado mundial consolidado. Foi sobre o consumo desses suplementos de ômega 3, mais especificamente, sobre o consumo adicional de ômega 3, além do recomendado, que se debruçou uma equipe de 12 especialistas da Biblioteca Cochrane, liderados por Asmaa S. Abdelhamid, da Universidade East Anglia (Reino Unido).

Eles combinaram os resultados de 79 ensaios randomizados envolvendo 112.059 pessoas. Esses estudos avaliaram os efeitos do consumo de gordura ômega 3 adicional, em comparação com ômega 3 usual ou em dose menor do que o recomendado, sobre as doenças do coração e da circulação. Vinte e cinco estudos foram avaliados como altamente confiáveis, porque foram bem projetados e conduzidos.

Os pesquisadores constataram que suplementar o consumo de ômega 3 de cadeia longa fornece pouco ou nenhum benefício na maioria dos casos.

Não adianta exagerar

Os especialistas encontraram evidências fortes de que as gorduras ômega 3 de cadeia longa em excesso apresentam pouco ou nenhum efeito significativo sobre o risco de morte por qualquer causa – o risco de morte por qualquer causa foi de 8,8% em pessoas que aumentaram a ingestão de gorduras ômega 3, em comparação com 9% entre as pessoas nos grupos de controle.

Os especialistas também constataram que tomar mais ômega 3 de cadeia longa (incluindo AEP e ADH), principalmente através de suplementos, faz pouca ou nenhuma diferença para o risco de eventos cardiovasculares, mortes coronárias, eventos de doença coronariana, acidente vascular cerebral ou irregularidades cardíacas.

Também no caso do AAL (ácido alfa-linolênico), a revisão sugere que sua ingestão através de alimentos ou suplementos tem pouco ou nenhum efeito sobre mortes cardiovasculares ou mortes por qualquer causa. No entanto, ingerir mais AAL provavelmente reduz o risco de irregularidades cardíacas de 3,3% para 2,6%.

Finalmente, a revisão mostrou que as reduções nos eventos cardiovasculares pela ingestão de suplementos de AAL são tão pequenas que cerca de 1.000 pessoas precisariam aumentar o consumo de AAL para que apenas uma delas se beneficiasse quanto à saúde cardiovascular.

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