Imagine encontrar uma alternativa real à extração de dentes com perda óssea avançada – e perceber que, em muitos casos, essa alternativa não só é possível, mas também pode ser a melhor escolha para o seu bolso, sua saúde e seu bem-estar. É isso que revela um estudo robusto apresentado recentemente no EuroPerio11, o principal evento mundial sobre saúde gengival e implantodontia, realizado pela Federação Europeia de Periodontia (EFP). A pesquisa, conduzida ao longo de impressionantes 20 anos, joga luz sobre algo que muitos pacientes e até profissionais acabam subestimando: salvar dentes com danos graves ainda é possível – e, o melhor, pode ser a opção mais inteligente em diversos cenários.
O estudo que virou o jogo
Em vez de seguir a lógica tradicional de que dentes com perda óssea grave são casos “sem esperança“, a equipe do renomado Dr. Simone Cortellini, da KU Leuven, na Bélgica, resolveu ir além. Eles acompanharam 50 pacientes com periodontite avançada (aquele estágio crítico da doença gengival que vai corroendo os tecidos de suporte do dente) e com dentes em situação crítica. Divididos em dois grupos, alguns pacientes passaram pela regeneração periodontal, enquanto outros tiveram os dentes removidos e substituídos por implantes ou pontes fixas.
Após vinte anos – sim, duas décadas inteiras! – os resultados foram surpreendentes. Pouquíssimos dentes se perderam no grupo que buscou manter o dente, e a taxa de falha dos implantes também foi baixa, reforçando que ambas as estratégias são eficazes. Mas o grande diferencial apareceu no custo e na experiência dos pacientes: manter o dente natural costuma sair bem mais em conta ao longo do tempo, além de proporcionar uma relação mais satisfatória com a própria saúde bucal.
Por que regenerar em vez de substituir?
Hoje, ao se falar de perda óssea e doença periodontal avançada, é comum partir logo para recomendações de extração. Mas técnicas modernas de regeneração periodontal já conseguem, em muitos pacientes, restaurar parte do osso e estruturas de suporte do dente – algo que há pouquíssimo tempo era visto quase como ficção.
É como um “reboot” dentário: o tecido perdido começa a ser reconstruído, e o dente, antes condenado, pode continuar cumprindo sua função por muitos anos. Isso não significa que seja um milagre fácil – a regeneração exige técnicas sofisticadas e, principalmente, pacientes engajados no autocuidado, com higiene bucal impecável, visitas regulares ao dentista e um estilo de vida saudável. O tabagismo, por exemplo, ainda é um inimigo declarado desse tipo de tratamento.
Economia inteligente e qualidade de vida
Um dos pontos altos do estudo é a questão financeira. Ao contrário do que parece à primeira vista, a regeneração fica mais barata no longo prazo, mesmo considerando as manutenções periódicas. Enquanto implantes e pontes podem exigir intervenções corretivas custosas ao longo dos anos, dentes naturais preservados costumam demandar menos reparos, principalmente se o paciente mantém bons hábitos.
Mais do que o número no extrato bancário, há o fator humano: para muitos, conservar seu próprio dente significa manter a confiança ao sorrir, a facilidade ao mastigar e aquela sensação insubstituível do próprio corpo funcionando bem. Afinal, por mais avançados que sejam os implantes, nada supera aquilo que a natureza nos deu.
Para quem, quando e como?
Vale um alerta importante: regeneração periodontal não é mágica nem serve para todos os casos. A seleção criteriosa do paciente é essencial. Gente com saúde geral equilibrada, não fumante, com motivação para cuidar dos dentes no dia a dia costuma se beneficiar mais desse tipo de procedimento.
O acompanhamento regular, aliado à colaboração do paciente, pode ser decisivo para o sucesso a longo prazo. “Você pode ser o melhor dentista do planeta, mas, sem um paciente comprometido, o resultado fica comprometido”, destaca Dr. Cortellini. E, por trás dessa frase, há uma grande verdade que, muitas vezes, vale ouro: conhecimento, tecnologia e engajamento formam o trio de ouro para salvar dentes considerados “casos perdidos”.
O recado final: pense duas vezes antes de extrair
A mensagem mais poderosa desse estudo é clara – e, para quem valoriza o que é seu, cheia de significado: salve o dente, se possível. A substituição por implantes e pontes está longe de ser um fracasso, claro. Mas, diante das novas técnicas e dos resultados a longo prazo, a regeneração desponta como uma opção ainda mais interessante, tanto do ponto de vista clínico quanto econômico.
E fica a provocação para fechar: se estivesse no seu lugar, não tentaria salvar o seu dente antes de abrir mão dele para sempre? Pensar duas vezes pode ser o início de uma nova era para o seu sorriso.
Este artigo foi elaborado com base em estudos científicos recentes, mas não substitui a consulta a profissionais de saúde. Converse sempre com seu dentista e médico sobre suas condições específicas.
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