Medicamento para osteoporose pode provocar necrose nos maxilares

Os medicamentos contra a reabsorção óssea ou antiangiogênicos, frequentemente utilizados na área de oncologia em pacientes com mielomas múltiplos e metástases ósseas osteolítica para aliviar as dores associadas à doença, podem provocar necrose nos maxilares. Quem afirma isso é Abel Silveira Cardoso, um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Estomatologia e Patologia Oral, em entrevista recente ao G1 quando afirmou que a osteonecrose nos maxilares pode ser induzida por alguns fármacos.

Bifosfonatos

“A classe dos medicamentos bifosfonatos ligam-se ao osso e levam entre dez a 12 anos para serem eliminados, o que prolonga os seus efeitos – tanto os benéficos quanto os indesejáveis. Na batalha contra o câncer, os médicos sempre consideraram que os efeitos colaterais valem a pena frente aos benefícios para o paciente. No entanto, os problemas ganharam outra dimensão quando os bifosfonatos, agora administrados por via oral, foram incorporados no combate à osteoporose. Embora a incidência da osteonecrose seja relativamente menor em pacientes com osteoporose do que naqueles com câncer, há muito mais gente – mulheres, na sua maioria – fazendo uso desse tipo de medicação. Por isso os consultórios ontológicos vem observando um aumento do número de casos de osteonecrose nos maxilares, associada ao uso desse medicamento.

Uso responsável

“O medicamento em si não é ruim. Em tumores malignos com lesões ósseas diminui a dor e evita fraturas. A questão é como vem sendo utilizado”, alerta o dentista. O uso de bifosfonatos na osteopenia talvez não seja bem indicado, o que pode aumentar exponencialmente o número de pessoas expostas aos efeitos indesejáveis”, acrescenta.
Um dos principais fármacos representante da classe dos bifosfonatos é o conhecido Alendronato sódico.

Prevenção: sempre o melhor remédio

“Em pacientes oncológicos, onde o risco de osteonecrose é maior, a melhor conduta é a prevenção. Sempre que possível, antes de iniciar o tratamento quimioterápico, é importante procurar o dentista para um exame prévio e para promover uma adequação da cavidade oral, eliminando problemas que poderiam necessitar extrações dentárias ou procedimentos cirúrgicos invasivos durante a quimioterapia. A comunicação entre os profissionais de saúde é fundamental”, aconselha ainda Abel Silveira Cardoso.

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